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EMPREGO FORMAL É O CAMINHO DA CLASSE TRABALHADORA

Com o emprego formal como eixo da classe trabalhadora, é dever do sindicalismo também defender e organizar os trabalhadores plataformizados. Por Carlos Lima – economista e dirigente sindical bancário O Brasil vive um momento decisivo. Com a retomada da agenda de desenvolvimento promovida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a política de valorização do salário-mínimo, o fortalecimento das negociações tripartites e a volta do investimento industrial — impulsionada por programas como o Nova Indústria Brasil, o PAC, o papel reativado do BNDES e a recuperação da capacidade de planejamento do Estado — recoloca-se no horizonte a possibilidade concreta de reconstruir o emprego formal em larga escala. Este cenário reposiciona o debate sobre o futuro do trabalho no país e exige que o sindicalismo formule respostas à altura do novo ciclo histórico em disputa. Nos últimos anos, a destruição de direitos, a recessão social e a expansão do trabalho por plataformas digitais aprofund...
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A lição sociológica do caso Esquerdogata

Por Carlos Lima Nos últimos dias, o nome de uma influenciadora conhecida como Esquerdogata dominou as redes sociais após ser detida em uma ocorrência policial e reagir com deboche aos agentes, comparando o preço de sua sandália com o carro deles. A cena, amplamente divulgada, gerou indignação até mesmo entre militantes de esquerda, que viram no gesto uma contradição profunda com os valores que ela dizia defender. O episódio, porém, ultrapassa o erro individual. Ele evidencia as tensões de uma época em que a militância política se expressa, em grande parte, nas redes — território onde convivem, lado a lado, a luta genuína e o narcisismo travestido de consciência. As redes se tornaram ferramentas indispensáveis para denunciar injustiças, mobilizar solidariedade e dar visibilidade a causas populares. Mas também podem transformar a política em espetáculo, quando a busca por relevância supera o compromisso com o coletivo. O comportamento arrogante diante de trabalhadores expôs um traço d...

INDICAÇÃO DE CAROL PRONER PODE FAZER O STF REENCONTRAR O BRASIL REAL

Com a saída de Barroso, o STF abre espaço para uma decisão que vai muito além do nome. A escolha de Lula mostrará se o Brasil continuará preso à conciliação liberal ou se iniciará o reencontro do Judiciário com o povo. Uma indicação como a de Carol Proner teria força histórica e transformadora. por Carlos Lima A aposentadoria de Luís Roberto Barroso marca o fim de um ciclo. O ministro que defendeu as instituições contra o autoritarismo bolsonarista foi também um dos símbolos da virada liberal do Supremo, que desde 2017 reescreve a Constituição de 1988 à luz do mercado. Sob sua pena e influência, consolidaram-se a terceirização irrestrita, o negociado sobre o legislado e a fragilização dos sindicatos. Agora, o Brasil se depara com uma encruzilhada. A vaga aberta no STF não é apenas uma substituição — é uma escolha de rumo político. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de decidir se manterá o perfil conciliador que caracteriza as últimas indicações ou se ousará fazer uma inf...

RODRIGO PACHECO E O RISCO DE CRIAR NOVOS CORVOS NO SUPREMO

A sucessão de Barroso definirá se o STF continuará servindo ao mercado ou se reencontrará com o povo. Indicar um liberal “moderado” como Pacheco seria repetir o erro de alimentar o inimigo de classe em nome da conciliação. foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto por Carlos Lima Cría cuervos y te sacarán los ojos. O velho provérbio espanhol nunca soou tão atual. Significa, em tradução livre: crie corvos e eles te arrancarão os olhos . É a metáfora perfeita para descrever a armadilha histórica em que caem governos progressistas quando, em nome da estabilidade institucional, entregam o poder a representantes das elites liberais travestidos de democratas . No Brasil, o exemplo mais visível desse risco é a sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal. Entre os nomes ventilados, o do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco desponta como símbolo da “moderação”. Mas esse tipo de moderação é o verniz elegante do conservadorismo econômico. É a falsa neutralid...

Seção do CES é lançada no Rio de Janeiro com foco na formação classista

"Viva o CES! Viva a Classe Trabalhadora! Viva o Socialismo!" Foi com essas palavras de entusiasmo e compromisso que terminou a cerimônia de lançamento do Centro de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) no estado do Rio de Janeiro. Realizado na tarde do dia 26 de setembro , o evento marcou oficialmente a criação da Seção RJ do CES Nacional e reuniu dezenas de dirigentes sindicais, militantes, lideranças políticas e ativistas no auditório do SINTECT-RJ , no Centro do Rio. O ato foi conduzido por Liliana Aparecida de Lima , Coordenadora Geral do CES Nacional, e por Augusto César Petta , um dos fundadores e atual Coordenador de Formação da entidade. Também esteve à frente dos trabalhos Carlos Lima (Carlão) , que assumiu a Coordenação Geral da nova seção fluminense. Ao final da atividade, foi aprovada por aclamação a criação oficial da Seção CES-RJ como parte integrante do CES Nacional, além da eleição da coordenação local, composta por: Coordenação Geral: Carlos L...

Qualificação não falta — o que falta é trabalho decente

Por Carlos Lima  Mesmo com milhões de trabalhadores qualificados saindo de cursos técnicos, do Sistema S e dos Institutos Federais, empresas enfrentam escassez de mão de obra. O problema não está na formação dos trabalhadores, mas na incapacidade do mercado formal de oferecer empregos atrativos, valorizados e dignos. A crise de mão de obra no comércio revela o esgotamento do modelo de emprego precarizado no Brasil A recente reportagem do Jornal Nacional (27/09/2025) trouxe um dado que deveria provocar um amplo debate nacional: a falta de trabalhadores no comércio brasileiro é a maior dos últimos cinco anos. Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC), 57 das 100 principais ocupações do varejo sofrem com escassez de profissionais — especialmente no comércio eletrônico, que mais cresce no país. Empresas oferecem salários maiores, benefícios extras e bonificações por assiduidade, mas as vagas continuam sem candidatos. O discurso patronal é conhecido: “falta qualifi...

Rússia e Multipolaridade: uma leitura de classe sobre Putin e o século XXI

Por Carlos Lima* A implosão da União Soviética não foi apenas a dissolução de um regime político, mas um verdadeiro processo de desmonte nacional. Nos anos 1990, a Rússia se converteu em laboratório neoliberal, onde o receituário imposto pelo FMI e por consultores ocidentais promoveu privatizações a preço de banana, entregou setores estratégicos a oligarcas e empresas estrangeiras, destruiu cadeias produtivas e condenou milhões de pessoas à miséria. O Estado foi enfraquecido a tal ponto que deixou de garantir funções elementares: salários e aposentadorias deixaram de ser pagos em dia, o sistema de saúde e educação entrou em colapso e a expectativa de vida da população caiu de forma dramática. Foi um período de degradação social e institucional, em que a soberania russa foi aviltada e sua condição de potência mundial reduzida a escombros. Dessa conjuntura de ruína emergiu a figura de Vladimir Putin. Mais do que um líder individual, sua ascensão expressa a necessidade histórica de recom...