Prometeu ao contrário: como Galípolo entregou o fogo do crédito ao altar dos rentistas

Por Carlos Lima Na mitologia grega, Prometeu é o titã que ousou desafiar os deuses do Olimpo para beneficiar a humanidade. Com coragem, ele roubou o fogo sagrado — símbolo do conhecimento, do progresso e da autonomia — e o entregou aos homens, permitindo-lhes construir ferramentas, cozinhar alimentos e desenvolver a civilização. Como punição, foi acorrentado a uma rocha, onde uma águia enviada por Zeus devorava, dia após dia, o seu fígado, que se regenerava todas as noites, num ciclo eterno de dor. Essa figura heroica e sacrificada passou a representar o espírito de rebeldia e o compromisso com o bem comum. Quando Galípolo assumiu a presidência do Banco Central, que comanda o Comitê de Política Monetária (Copom), muitos sonharam com um “Prometeu moderno”, capaz de enfrentar os deuses do mercado e libertar o povo da fogueira dos juros altos. Mas o que se revelou foi uma amarga decepção: em vez de desafiar os deuses do rentismo, Galípolo ofereceu o próprio fogo do povo ao altar dos barõe...