Pular para o conteúdo principal

O bolsonarismo é a vanguarda da traição nacional e da sabotagem econômica

Foto: Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca

Por: Carlos Lima 

O bolsonarismo é hoje a mais perigosa expressão do entreguismo contemporâneo

Disfarçado de patriotismo, mascarado com cores da bandeira e entoando hinos enquanto desfere golpes contra a soberania nacional, esse movimento liderado por Jair Bolsonaro e seus filhos representa não apenas uma degeneração política e moral da direita brasileira, mas a sua fusão completa com interesses externos — particularmente os dos Estados Unidos. Trata-se de um projeto de poder construído para destruir as bases econômicas e institucionais do Brasil enquanto nação independente, transformando-o num satélite dócil do capital internacional. Seu funcionamento combina desinformação sistemática, deslegitimação do Estado, milicianismo digital, violência simbólica e física, e submissão absoluta aos ditames do imperialismo financeiro. A conexão orgânica com o trumpismo é mais do que ideológica: é funcional, estratégica, operativa. Estamos diante de uma articulação transnacional da extrema direita que mira os países do Sul Global como territórios a serem reocupados — e o bolsonarismo é seu cavalo de Troia no Brasil.

Sabotagem com endereço certo: sanções contra o Brasil aplaudidas por seus próprios traidores

A elevação em 50% das tarifas de importação dos EUA sobre produtos brasileiros não é apenas uma medida comercial protecionista. É um ato hostil de natureza política, um recado de Washington de que o Brasil não tem o direito de escolher seu caminho de desenvolvimento. E o mais escandaloso: tal medida foi estimulada e celebrada por parlamentares brasileiros, com Eduardo Bolsonaro à frente, que têm atuado ativamente nos bastidores da política americana para enfraquecer as instituições brasileiras, pressionar economicamente o país e impor sanções à sua soberania. Essa atuação não pode ser tratada como mera divergência ideológica. É sabotagem econômica e traição explícita. É um grupo político agindo deliberadamente contra os interesses nacionais, a serviço de outro Estado, para desestabilizar o governo democraticamente eleito e inviabilizar qualquer tentativa de retomada da autonomia estratégica do país. Essa é a natureza real do bolsonarismo: não uma direita conservadora, mas um comando subordinado da guerra híbrida que os EUA empreendem contra as nações que ousam levantar a cabeça.

PIX, BRICS, STF: os alvos da aliança Bolsonaro-Trump

Os alvos dessa sabotagem são precisamente os instrumentos que podem sustentar um projeto nacional de desenvolvimento: o PIX, os BRICS, o STF, a indústria nacional, a política externa autônoma, o Banco do Brasil, a Petrobras, os bancos públicos. Tudo o que representa capacidade estatal de planejamento, inovação tecnológica pública, cooperação entre países do Sul, financiamento de longo prazo, soberania monetária e controle dos fluxos financeiros vira alvo da destruição bolsonarista — sempre justificada por uma retórica mentirosa de “combate à corrupção”, “liberdade de mercado” ou “antiglobalismo”. Na prática, o que se vê é a tentativa de entregar o controle da infraestrutura de pagamentos a big techs americanas, de sabotar a integração dos BRICS e de desacreditar e enfraquecer o Supremo Tribunal Federal como instituição central do Estado Democrático de Direito.

A política é de terra arrasada: desmonte, demonização e desinformação. O bolsonarismo não quer um Estado mínimo — quer um Estado rendido, sem instrumentos para enfrentar a dependência externa, incapaz de proteger seu povo dos ciclos de crise do capitalismo global. Ao atacar o PIX, que representa uma inovação soberana do Banco Central, o bolsonarismo atende aos interesses de conglomerados financeiros que perderam bilhões em tarifas de intermediação. Ao sabotar os BRICS, atua como cão de guarda da hegemonia norte-americana em declínio. E ao atacar o STF, tenta abrir caminho para a impunidade dos seus crimes e enfraquecer o sistema de justiça. É a trilha do subdesenvolvimento feita de forma consciente e vendida como “liberdade”.

O projeto do caos: quando o inimigo está dentro

O bolsonarismo e o trumpismo compartilham muito mais do que slogans ou táticas de campanha. Compartilham uma visão de mundo autoritária, racista, belicista, baseada na negação da política e no ataque sistemático à verdade. Ambos apostam na deslegitimação das instituições — sobretudo dos poderes que impõem limites à concentração privada de poder — e veem a democracia como obstáculo, não como valor. Quando Bolsonaro ataca o Supremo Tribunal Federal, estimula invasões, propaga mentiras sobre urnas eletrônicas ou pede intervenção militar, ele está apenas replicando o script trumpista: criar caos para justificar autoritarismo.

Essa conexão ficou explícita nos dias que antecederam os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, um eco grotesco do 6 de janeiro americano. Os vínculos entre os articuladores de lá e de cá — financiadores, comunicadores, ideólogos — demonstram que não se trata de uma aliança informal, mas de uma internacional fascista articulada para destruir democracias frágeis e capturar Estados para os interesses do capital financeiro internacional e do neocolonialismo digital. A lógica é simples: desestabilizar por dentro o que não se pode dominar por fora. E o bolsonarismo é o operador ideal desse projeto por sua natureza parasitária, miliciana e reacionária.

O povo trabalhador é quem paga a conta dessa traição

Toda essa trama geopolítica e ideológica tem consequências concretas e brutais para o povo trabalhador. Quando os EUA impõem tarifas e sanções — com apoio dos bolsonaristas —, isso significa menos exportações, mais desemprego industrial, queda na arrecadação e mais cortes em políticas públicas. Quando sabotam o PIX, estão prejudicando os pequenos comerciantes, autônomos e consumidores que passaram a ter acesso gratuito a um sistema eficiente e instantâneo de pagamentos. Quando atacam o STF ou desacreditam o processo eleitoral, estão ameaçando a estabilidade mínima necessária para o funcionamento da economia real. A inflação sobe, os juros disparam, o câmbio se descontrola e o crédito desaparece.

Mas os bolsonaristas não ligam. Sua lealdade é com a ultradireita global, não com o povo brasileiro. Para eles, a fome, o desemprego e a precarização são ferramentas de controle político. É a velha lógica do “quanto pior, melhor” — quanto mais miséria, mais ressentimento, e quanto mais ressentimento, mais fácil manipular os deserdados com discursos de ódio e promessas messiânicas. O bolsonarismo é uma fábrica de desesperança que lucra com o sofrimento. Seu projeto é manter o povo na ignorância, o Estado no caos e a soberania sob tutela.

A resposta precisa ser à altura: soberania como trincheira

Diante dessa ofensiva articulada, não basta governar com prudência ou fazer concessões ao “mercado”. É preciso afirmar, com clareza e firmeza, que a soberania nacional é linha de resistência inegociável. E que há inimigos internos que devem ser enfrentados com o mesmo rigor que se enfrenta uma invasão externa. É hora de reconstruir o projeto nacional de desenvolvimento com base em soberania produtiva, tecnológica, energética e financeira. Isso exige fortalecer os bancos públicos, reindustrializar com inovação e sustentabilidade, aprofundar as alianças com os BRICS, investir em ciência e tecnologia nacionais, controlar os fluxos de capitais e punir os traidores.

Também exige que os crimes de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e demais cúmplices dessa trama sejam tratados com o devido rigor legal. A Lei do Estado Democrático de Direito prevê a responsabilização de quem atenta contra a soberania, o funcionamento das instituições e o interesse nacional em articulação com potências estrangeiras. Que seja aplicada.

Ou o Brasil será soberano — ou será uma colônia moderna

A escolha que está posta é muito mais que entre direita e esquerda, entre progressistas e conservadores. É entre soberania e submissão. Entre um Brasil dono do seu destino e um Brasil vassalo, humilhado e saqueado por dentro. O bolsonarismo é o cavalo de Troia da recolonização. E como todo projeto antinacional, precisa ser derrotado — política, ideológica, jurídica e moralmente. Para que o povo brasileiro possa enfim reconstruir um país soberano, justo e verdadeiramente democrático.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Elias Jabbour: O Fenômeno Intelectual que Recoloca o Socialismo no Centro da Política Brasileira

  Por Carlos Lima* Em um Brasil marcado pela desigualdade histórica, por sucessivas crises do neoliberalismo e por uma esquerda muitas vezes encurralada no debate público, um intelectual tem surpreendido pelo alcance de suas ideias e pela força de sua trajetória: Elias Jabbour. Geógrafo, professor da UERJ, doutor pela USP, ex-diretor do Banco dos BRICS, autor premiado na China e militante comunista desde a juventude, Jabbour se tornou o epicentro de um fenômeno político e teórico: a retomada do socialismo como projeto de futuro — não como nostalgia do passado. Mas o que explica o impacto de Elias Jabbour em praças lotadas, redes sociais efervescentes, bancadas parlamentares e programas de pós-graduação? O que faz dele uma referência para comunistas, desenvolvimentistas, jovens militantes e até curiosos do campo econômico? A resposta está tanto em suas ideias quanto em sua vida. Da periferia de São Paulo à vanguarda do pensamento socialista Elias Marco Khalil Jabbour nasceu em ...

A lição sociológica do caso Esquerdogata

Por Carlos Lima Nos últimos dias, o nome de uma influenciadora conhecida como Esquerdogata dominou as redes sociais após ser detida em uma ocorrência policial e reagir com deboche aos agentes, comparando o preço de sua sandália com o carro deles. A cena, amplamente divulgada, gerou indignação até mesmo entre militantes de esquerda, que viram no gesto uma contradição profunda com os valores que ela dizia defender. O episódio, porém, ultrapassa o erro individual. Ele evidencia as tensões de uma época em que a militância política se expressa, em grande parte, nas redes — território onde convivem, lado a lado, a luta genuína e o narcisismo travestido de consciência. As redes se tornaram ferramentas indispensáveis para denunciar injustiças, mobilizar solidariedade e dar visibilidade a causas populares. Mas também podem transformar a política em espetáculo, quando a busca por relevância supera o compromisso com o coletivo. O comportamento arrogante diante de trabalhadores expôs um traço d...