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Mostrando postagens de outubro, 2025

A lição sociológica do caso Esquerdogata

Por Carlos Lima Nos últimos dias, o nome de uma influenciadora conhecida como Esquerdogata dominou as redes sociais após ser detida em uma ocorrência policial e reagir com deboche aos agentes, comparando o preço de sua sandália com o carro deles. A cena, amplamente divulgada, gerou indignação até mesmo entre militantes de esquerda, que viram no gesto uma contradição profunda com os valores que ela dizia defender. O episódio, porém, ultrapassa o erro individual. Ele evidencia as tensões de uma época em que a militância política se expressa, em grande parte, nas redes — território onde convivem, lado a lado, a luta genuína e o narcisismo travestido de consciência. As redes se tornaram ferramentas indispensáveis para denunciar injustiças, mobilizar solidariedade e dar visibilidade a causas populares. Mas também podem transformar a política em espetáculo, quando a busca por relevância supera o compromisso com o coletivo. O comportamento arrogante diante de trabalhadores expôs um traço d...

INDICAÇÃO DE CAROL PRONER PODE FAZER O STF REENCONTRAR O BRASIL REAL

Com a saída de Barroso, o STF abre espaço para uma decisão que vai muito além do nome. A escolha de Lula mostrará se o Brasil continuará preso à conciliação liberal ou se iniciará o reencontro do Judiciário com o povo. Uma indicação como a de Carol Proner teria força histórica e transformadora. por Carlos Lima A aposentadoria de Luís Roberto Barroso marca o fim de um ciclo. O ministro que defendeu as instituições contra o autoritarismo bolsonarista foi também um dos símbolos da virada liberal do Supremo, que desde 2017 reescreve a Constituição de 1988 à luz do mercado. Sob sua pena e influência, consolidaram-se a terceirização irrestrita, o negociado sobre o legislado e a fragilização dos sindicatos. Agora, o Brasil se depara com uma encruzilhada. A vaga aberta no STF não é apenas uma substituição — é uma escolha de rumo político. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá de decidir se manterá o perfil conciliador que caracteriza as últimas indicações ou se ousará fazer uma inf...

RODRIGO PACHECO E O RISCO DE CRIAR NOVOS CORVOS NO SUPREMO

A sucessão de Barroso definirá se o STF continuará servindo ao mercado ou se reencontrará com o povo. Indicar um liberal “moderado” como Pacheco seria repetir o erro de alimentar o inimigo de classe em nome da conciliação. foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto por Carlos Lima Cría cuervos y te sacarán los ojos. O velho provérbio espanhol nunca soou tão atual. Significa, em tradução livre: crie corvos e eles te arrancarão os olhos . É a metáfora perfeita para descrever a armadilha histórica em que caem governos progressistas quando, em nome da estabilidade institucional, entregam o poder a representantes das elites liberais travestidos de democratas . No Brasil, o exemplo mais visível desse risco é a sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal. Entre os nomes ventilados, o do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco desponta como símbolo da “moderação”. Mas esse tipo de moderação é o verniz elegante do conservadorismo econômico. É a falsa neutralid...