Por Carlos Lima
Por mais que tentem posar de fiscais da moral, os vestais do bolsonarismo parecem cada vez mais atolados na lama que juravam combater. O escândalo das fraudes no INSS — que envolvem entidades fantasmas, descontos indevidos em benefícios de aposentados e milhões desviados por meio de convênios obscuros — escancarou a verdadeira face de um governo que, longe de ser técnico ou patriótico, funcionou como uma grande casa de noca institucional. Sob o comando de Jair Bolsonaro, a autarquia virou terra de ninguém.
Sim, o Brasil virou uma casa de noca durante o governo Bolsonaro. No INSS, enquanto milhares de brasileiros esperavam meses por uma perícia ou aposentadoria, clubes de vantagens de fachada assinavam convênios com o aval de gestores políticos, nomeados não por mérito, mas por apadrinhamento. Foi nesse cenário caótico que floresceu o esquema que agora vem à tona — herança direta da gestão Bolsonaro, que tratava o Estado como balcão de negócios para aliados.
E como em toda boa confusão nacional, aparece um “batom na cueca” para embaraçar os moralistas de ocasião. O tal batom tem nome, CPF e CNPJ: Felipe Macedo Gomes, o presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios, entidade investigada por sugar indevidamente os salários de aposentados e pensionistas. Justamente ele — veja só — doou R$ 60 mil para a campanha de Onyx Lorenzoni ao governo do RS. Coincidentemente, Onyx chefiava o Ministério da Previdência no exato período em que o convênio foi assinado. Coincidência demais, não?
Claro que Onyx nega tudo. Diz que não conhece o doador e que não tem ideia de como o dinheiro chegou ali. Um clássico do “não sei, não vi, não fui eu”, já popularizado por outros figurões da República. Mas o fato é que o convênio foi assinado, a doação foi feita e o escândalo estourou. Batom, cueca, flagrante.
Enquanto isso, no palco das redes sociais, entra em cena Nikolas Ferreira, o youtuber-deputado do PL, com seu vídeo viral que bateu 100 milhões de visualizações. No enredo, ele pinta o governo Lula como o responsável por todas as mazelas, como se a fraude tivesse surgido ontem. Nenhuma palavra sobre os anos de Bolsonaro, sobre os convênios firmados entre 2020 e 2022, nem sobre os servidores nomeados a dedo por aliados do Planalto. No universo paralelo de Nikolas, basta gritar “roubo!” e pronto — você é o herói do dia.
Só que o roteiro não convence. A Polícia Federal, a CGU e a imprensa independente vêm deixando claro: o esquema foi gestado no seio do governo Bolsonaro. O silêncio de quatro anos é agora abafado por gritos histéricos, numa tentativa desesperada de culpar quem está tentando limpar a bagunça. O governo Lula, mesmo herdando o caos, foi quem iniciou as investigações e desatou os nós deixados por seus antecessores.
O bolsonarismo tenta agora transformar o caso num novo escândalo, mas esquece que a trilha do dinheiro é implacável. O “batom na cueca” da doação para Onyx não é uma ilusão — é fato registrado. A “casa de noca” no INSS não foi montada por comunistas, mas por uma gestão que desprezou a técnica e abraçou o clientelismo.
Se há um escândalo aqui, é o da hipocrisia institucionalizada, da manipulação cínica e da tentativa de apagar rastros com desinformação. O Brasil não pode esquecer que, por trás do verniz patriótico, se escondia um governo que permitiu a farra com o dinheiro dos aposentados. E que agora finge surpresa ao se deparar com o espelho. Felizmente, foi apenas com a chegada de Lula ao poder que a faxina começou de verdade.
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